Nesta quinta-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou da cúpula do Mercosul em Buenos Aires, tendo como anfitrião o presidente argentino Javier Milei. No encontro, Lula recebeu de Milei o comando rotativo do bloco, que será exercido pelo Brasil nos próximos seis meses.
A presidência temporária do Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com a Bolívia em processo final de adesão — será marcada, segundo Lula, pela intensificação das negociações para concluir o acordo de livre comércio com a União Europeia. O tratado, que se arrasta há mais de 20 anos, é considerado prioridade pelo governo brasileiro.
Se ratificado, o acordo Mercosul-União Europeia poderá formar a maior zona de livre comércio do mundo. No entanto, enfrenta resistência de alguns países europeus, como a França, que teme prejuízos ao seu setor agrícola. Lula avalia que o cenário global, com novas tarifas impostas pelos EUA, pode pressionar a UE a avançar nas negociações.
Além disso, o Brasil também conduzirá os trâmites finais para implementar um acordo comercial com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), composta por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. Segundo o Itamaraty, o texto está em fase de revisão e deve ser publicado em agosto. O pacto deve beneficiar uma área econômica com cerca de 300 milhões de pessoas e um PIB superior a US$ 4,3 trilhões.
A visita de Lula marca sua primeira viagem à Argentina desde a posse de Milei, em dezembro de 2023. Apesar das trocas públicas de críticas entre os dois presidentes, ambos mantiveram cordialidade no evento, com aperto de mãos protocolar. Até o momento, não houve reunião bilateral entre Lula e Milei, e tampouco há previsão na agenda oficial.
O presidente brasileiro, no entanto, realizou encontros com líderes de outros países do bloco, como Santiago Peña (Paraguai) e, posteriormente, com Luis Arce (Bolívia).
Mesmo diante das diferenças ideológicas, Brasil e Argentina mantêm uma relação pragmática, com articulações sendo conduzidas pelas respectivas chancelarias e ministérios.