Uma nova controvérsia tomou conta das redes sociais: as bonecas reborn — réplicas extremamente realistas de recém-nascidos. Vídeos no TikTok e Instagram mostram adultos tratando essas bonecas como se fossem bebês reais. Há registros de pessoas levando as bonecas a consultas médicas, dando mamadeiras, trocando roupas, passeando com elas e até tentando usar assentos e filas preferenciais destinados a pais com crianças de colo.
A situação gerou críticas e levantou dúvidas sobre a saúde mental de alguns adultos que se referem às bonecas como se fossem filhos de verdade. A repercussão foi tanta que o tema chegou ao Congresso Nacional. Um projeto de lei foi apresentado na Câmara dos Deputados na última quinta-feira (15), propondo multa de até 20 salários mínimos para quem tentar obter qualquer benefício, prioridade ou atendimento especial destinado a bebês de verdade, utilizando bonecas reborn. A proposta ainda passará por debates na Câmara e no Senado. Se for aprovada, seguirá para sanção ou veto da Presidência da República.
O que são bebês reborn?
Os bebês reborn são bonecas artesanais extremamente detalhadas, criadas para se parecerem com recém-nascidos. Daniela Baccan, sócia da loja e fábrica Alana Babys, localizada em Campinas (SP), explica que esse tipo de boneca existe desde o início dos anos 2000. No entanto, nos últimos três anos, os materiais e técnicas utilizados vêm sendo aprimorados para deixá-las cada vez mais parecidas com bebês reais.
Os preços variam bastante: vão de R$ 750 a R$ 9.500, dependendo do material usado e da complexidade do processo de produção. Os modelos mais caros são feitos de silicone sólido, um material que simula com mais precisão a textura da pele humana. Algumas dessas bonecas vêm com mecanismos que reproduzem batimentos cardíacos ou que permitem dar mamadeira e até fazer "xixi", graças a um tubo interno.
As versões mais simples, feitas de vinil — material comum em bonecas convencionais e mais rígido — são as mais baratas e geralmente escolhidas para crianças, já que são mais resistentes. “As bonecas de silicone são delicadas e exigem mais cuidado”, destaca Daniela.
Essas bonecas podem ter diversas características físicas personalizáveis: cor de pele, olhos, expressões e até sinais visuais associados à síndrome de Down. A criação é minuciosa, baseada em referências de bebês reais. Nos modelos mais sofisticados, o silicone é aplicado em camadas para formar detalhes como unhas, dobras na pele e até o cordão umbilical.
O cabelo é feito com pelo de cordeiro implantado fio a fio. Além disso, muitos modelos vêm com um enxoval completo, incluindo roupas, acessórios, uma “certidão de nascimento” e até um cartão de vacinas. Em alguns casos, a boneca retorna à loja para simular a aplicação de vacinas e outros cuidados médicos.