A nova edição do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), divulgada pela rede MapBiomas, revela um cenário preocupante no Piauí: em 2024, o estado teve uma área desmatada de 142.871 hectares, quase três vezes mais que os 42.022 hectares registrados em 2019. Com vegetações predominantes do Cerrado e da Caatinga, o Piauí ocupa a quarta posição no ranking nacional de desmatamento por unidade federativa.
O levantamento destaca ainda que os quatro municípios brasileiros com maior crescimento proporcional de áreas desmatadas estão todos no Piauí: Canto do Buriti, Jerumenha, Currais e Sebastião Leal. Este último teve um aumento expressivo — saltando de 124 hectares desmatados em 2019 para 12.407 hectares em 2024.
2019 – 42.022,5
2020 – 77.034,7
2021 – 69.683,9
2022 – 148.281,7
2023 – 135.984,6
2024 – 142.871,2
2019 – 124,4
2020 – 8.054,6
2021 – 5.613,7
2022 – 19.984,9
2023 – 4.305,8
2024 – 12.407,1
Segundo o MapBiomas, mais de 90% do desmatamento no Piauí em 2024 teve origem em atividades agropecuárias. Outros fatores incluem a expansão urbana e projetos de energia renovável.
O relatório também aponta o maior alerta de desmatamento já registrado em seis anos de monitoramento: em um único imóvel rural do Piauí, foram desmatados 13.628 hectares em apenas três meses. O coordenador técnico do MapBiomas, Marcos Rosa, destacou que a área faz parte de um projeto autorizado para uso agropecuário e pode chegar a 30 mil hectares ao final da execução.
“Foram desmatados 13.628 hectares em um único imóvel rural no Piauí, dentro de uma janela temporal de três meses. Isso chama a atenção. É um desmatamento autorizado, com fins agropecuários”, afirmou Marcos Rosa.
A região do Matopiba — formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — foi responsável por 75% do desmatamento do Cerrado e por aproximadamente 42% da perda de vegetação nativa em todo o país. Somados ao Pará, esses cinco estados responderam por 65% de toda a área desmatada no Brasil em 2024.