Embora atravesse uma grave crise nas finanças, os Correios destinaram R$ 38,4 milhões a ações de patrocínio durante o terceiro mandato do presidente Lula. Entre os maiores aportes estão R$ 6 milhões destinados ao festival Lollapalooza e R$ 4 milhões para uma turnê do cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.
Em 2023, a estatal também investiu R$ 3,3 milhões em diversos eventos culturais e sociais, como o Festival de Parintins (R$ 400 mil), a Orquestra Criança Cidadã, em Pernambuco (R$ 500 mil), e o Festival CoMA, realizado em Brasília (R$ 350 mil).
No ano seguinte, os gastos com patrocínios aumentaram, somando R$ 33,8 milhões em 2024. Além dos recursos destinados novamente ao Lollapalooza e à turnê de Gil, a empresa pública investiu R$ 4,5 milhões na Confederação Brasileira de Ginástica, R$ 3 milhões nos Jogos Universitários e R$ 2 milhões na feira de design Casa Brasil. Outros contratos firmados incluem R$ 1,9 milhão para o Funn Festival, em Brasília, e R$ 1 milhão para o São João do Maranhão.
Em 2025, até o momento, os Correios já repassaram R$ 1,3 milhão para o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, evento que contou com a presença do presidente Lula.
A estatal defende os patrocínios como parte de seus planos anuais de comunicação, alegando que essas ações visam reposicionar a empresa como uma marca moderna, sustentável e competitiva. Segundo a revista Veja, os Correios justificam o investimento no Lollapalooza como uma estratégia para atrair o público jovem e reforçar uma imagem de inovação, enquanto a turnê de Gilberto Gil seria uma forma de agregar valor cultural à marca.
No entanto, o Lollapalooza Brasil enfrentou sérias acusações de exploração de trabalho em duas edições. Em 2019, conforme revelou a Folha de S.Paulo, pessoas em situação de rua foram contratadas para montar e desmontar estruturas por R$ 50 ao dia em jornadas de 12 horas. Já em 2023, a Superintendência Regional do Trabalho resgatou cinco trabalhadores em condições precárias sob responsabilidade da terceirizada Yellow Stripe, que também pagava R$ 50 por dia por extensas jornadas sem estrutura mínima. As denúncias levaram à rescisão de contratos e à abertura de investigações pelo Ministério Público do Trabalho contra a organizadora Time 4 Fun (T4F).
Atualmente liderados por Fabiano Silva dos Santos — indicado pelo Ministério das Comunicações e integrante do grupo Prerrogativas — os Correios enfrentam um déficit projetado de R$ 3,2 bilhões em 2024. A Postal Saúde, plano de saúde da estatal, acumula um rombo de R$ 400 milhões, agravado pela suspensão de repasses desde novembro, o que levou hospitais a deixarem de atender os funcionários da empresa.
A gestão atual, cujo mandato termina em agosto de 2025, afirma que os investimentos em patrocínio fazem parte de um esforço para reconstruir a imagem da empresa após o governo anterior, de Jair Bolsonaro, ter eliminado esses investimentos como parte de um plano de privatização que foi revertido por Lula.