Neste domingo de Páscoa (20/04), o vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, visitou o Vaticano e teve um breve encontro com o Papa Francisco, que faleceu nesta segunda-feira (21/04).
Católico e alinhado com as alas mais conservadoras da Igreja, Vance já havia se envolvido em um embate público com o pontífice. Em fevereiro, pouco antes de Francisco ser hospitalizado, os dois divergiram sobre interpretações teológicas. O vice-presidente, aliado de Donald Trump, utilizou o conceito de ordo amoris — ou “ordem do amor” — para justificar políticas de deportação de imigrantes nos EUA. Segundo Vance, esse princípio permitiria tratar estrangeiros de forma distinta em relação aos cidadãos americanos.
Em resposta, o Papa enviou uma carta aos bispos dos EUA, na qual criticou essa visão. Francisco destacou que o amor cristão deve ser universal e inclusivo, especialmente com os mais vulneráveis. Ele afirmou que a dignidade humana é o que permite que as pessoas amadureçam em sua identidade, e que o verdadeiro ordo amoris é aquele vivido na parábola do Bom Samaritano — um amor fraterno e sem exclusões.
Durante o encontro deste fim de semana, o Vaticano informou que os dois trocaram impressões sobre o cenário internacional, com foco em conflitos armados, tensões políticas, crises humanitárias e, principalmente, o drama de migrantes, refugiados e prisioneiros.
Tensão entre o Vaticano e a direita norte-americana
O pontificado de Francisco foi marcado por uma postura firme contra o avanço do conservadorismo dentro da Igreja Católica — movimento que ganhou força durante os papados de João Paulo II e Bento XVI.
Um dos principais focos dessa tensão foi nos Estados Unidos, onde grupos católicos ultraconservadores têm grande influência e mantêm laços estreitos com o ex-presidente Donald Trump.
De acordo com o site Politico, pessoas próximas a Francisco acreditam que a extrema direita americana tem interesse em influenciar a eleição do próximo papa. “Eles já interferiram na política europeia, não seria difícil tentarem moldar o próximo conclave”, disse uma fonte ao veículo. “Talvez estejam buscando alguém com perfil menos confrontador”, completou.
A escolha do novo pontífice será feita por meio de um conclave formado por cardeais. Dos participantes, 108 foram nomeados pelo próprio Francisco.