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União, PI

ONG de Tatiana Medeiros tem atividades suspensas e não poderá receber recursos públicos

Polícia Federal indicou a utilização da ONG na captação ilícita de votos para a vereadora do PSB

03/04/2025 às 22h20
Por: Redação Acesse União
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Foto: Reprodução/ Instagram e Divulgação/ PC-PI
Foto: Reprodução/ Instagram e Divulgação/ PC-PI

O Instituto Vamos Juntos, uma ONG administrada pela vereadora Tatiana Medeiros (PSB), teve suas atividades suspensas por ordem do juiz Luís Henrique Moreira Rêgo, que também decretou a prisão preventiva da parlamentar. A prisão de Tatiana ocorreu na manhã de quinta-feira (03), durante a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, que apura um esquema de compra de votos com envolvimento de uma organização criminosa.

Através de uma investigação detalhada da Polícia Federal, foi revelado que o Instituto Vamos Juntos estava sendo utilizado para a obtenção ilegal de votos para Tatiana Medeiros. A ONG, localizada na zona norte de Teresina, presta serviços a pessoas em situação de vulnerabilidade social.

As investigações indicam que a instituição realizava cadastros irregulares de famílias com o objetivo de controlar os votos. Análises de registros feitos pela PF sugerem que houve transferências financeiras para "lideranças" que, possivelmente, ajudaram na captação ilegal de votos. "Foi apurado que Tatiana Medeiros usou o Instituto Vamos Juntos para recrutar famílias e controlar seus votos nas Eleições de 2024", afirmou a decisão judicial.

A ficha de cadastro usada pelo Instituto incluía campos específicos para informações como número do título eleitoral, zona e seção de votação. Além disso, há indícios de que as lideranças do esquema receberam pagamentos para repassar aos eleitores em troca de votos.

Durante uma operação de busca e apreensão nas instalações da ONG, a Polícia Federal encontrou documentos com listas de eleitores, dados eleitorais e valores vinculados, além de um relatório intitulado “Relatório Votos Válidos”, que detalhava pagamentos feitos por meio de transferências via Pix a pessoas envolvidas no esquema de manipulação de votos. A decisão judicial afirma que a análise dos documentos revela que o Instituto, formalmente registrado como uma organização cultural sem fins eleitorais, foi desviado para fins de manipulação eleitoral.

Em relação à movimentação financeira do Instituto Vamos Juntos, os extratos bancários analisados pela PF mostraram que a ONG recebeu uma quantidade significativa de recursos do governo do Piauí, com o argumento de promover eventos culturais em 2023 e 2024, totalizando R$ 550.000,00. Contudo, existem fortes indícios de que esses recursos foram desviados para fins eleitorais.

O juiz também mencionou, na decisão, que a PF apontou uma possível ligação entre o Instituto Vamos Juntos e uma facção criminosa, o Bonde dos 40, com o intuito de disfarçar a origem de recursos ilícitos.

Alandilson Passos, namorado de Tatiana Medeiros, também foi preso e é acusado de fazer parte do Bonde dos 40. Segundo a Polícia Federal, ele desempenhava papel central no esquema de compra de votos. Nos registros de conversas, Alandilson exigia que eleitores enviassem fotos de seus títulos eleitorais, comprovantes de votação e, quando possível, vídeos da urna eletrônica no momento do voto. Em algumas situações, ele perguntava sobre a roupa que Tatiana usava na fotografia da urna eletrônica, indicando que o objetivo era controlar os votos direcionados à vereadora. Após a confirmação do voto, os eleitores eram remunerados por meio de transferências Pix, como mostram os comprovantes.

Diante dessas evidências, o juiz determinou a suspensão das atividades do Instituto Vamos Juntos e proibiu a ONG de receber qualquer recurso público.

 

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