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Quem é a médica que pegou 16 anos de prisão por lavar dinheiro de tráfico da família

Sentença determina confisco de bens avaliados em até R$ 50 milhões; defesa promete recorrer

03/04/2025 às 20h15
Por: Redação Acesse União
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Foto/Reprodução: Internet
Foto/Reprodução: Internet

A médica Larissa Gabriela Lima Umbuzeiro, de 30 anos, foi sentenciada a 16 anos, 6 meses e 20 dias de prisão, inicialmente em regime fechado, devido à sua participação em um esquema de lavagem de dinheiro associado ao tráfico de drogas. A decisão foi tomada por três juízes da 3ª Vara Criminal da Comarca de Feira de Santana, na Bahia.

Larissa foi apontada como a principal responsável pela gestão financeira de uma organização criminosa familiar, que buscava esconder os recursos gerados pelo tráfico. Além de sua condenação, a Justiça ordenou o confisco de 11 imóveis, incluindo apartamentos de luxo e fazendas, 15 veículos e mais de 500 cabeças de gado, com um valor estimado de até R$ 50 milhões. Outras seis pessoas também foram condenadas, entre elas cinco familiares da médica, sendo a pena mais severa imposta a Larissa e sua mãe. A investigação revelou que o grupo utilizava métodos sofisticados para disfarçar os recursos, como a compra de propriedades e empresas de fachada, além de transações financeiras fragmentadas para dificultar a detecção. A operação Kariri, conduzida pela Polícia Federal, desmantelou a organização criminosa em fevereiro do ano passado. Durante a ação, Rener Manoel Umbuzeiro, considerado o líder do grupo e pai de Larissa, foi morto ao reagir à abordagem policial.

Operação de Lavagem de Dinheiro

As investigações indicaram que a organização mantinha plantações com aproximadamente 220 mil pés de maconha em seis fazendas ligadas à família Umbuzeiro, com distribuição da droga em Feira de Santana e nas regiões adjacentes. Para ocultar os lucros do tráfico, os criminosos compravam bens de alto valor em nome de terceiros, incluindo Larissa. Ela e sua mãe gerenciavam o fluxo financeiro e mascaravam o patrimônio. Como chefe do núcleo financeiro, Larissa coordenava todo o processo de lavagem de dinheiro, sempre em colaboração com seus pais, buscando métodos para disfarçar os recursos e envolver "laranjas", conforme descrito na sentença.

A aquisição de imóveis era realizada, em grande parte, com dinheiro em espécie, uma prática comum em esquemas de lavagem. Para dificultar a fiscalização, também foram feitos depósitos fracionados em contas bancárias, evitando notificações de transações suspeitas. Larissa ainda mantinha contato com um contador para regularizar os bens junto à Receita Federal, e parte dos recursos era transferida para fundos de previdência privada para ocultar a origem do dinheiro.

Condenações e Consequências

Além de Larissa, seu marido, Paulo Victor Bezerra Lima, foi condenado a 6 anos e 6 meses de prisão em regime semiaberto pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. O casal teria arquitetado um plano para injetar dinheiro na empresa de Paulo Victor, criando uma justificativa legal para retiradas futuras.

A sentença descreveu Larissa como uma pessoa calculista e dissimulada, ressaltando que, apesar de sua juventude e profissão, ela se envolveu permanentemente em atividades criminosas, utilizando familiares e outros para enganar o Estado. A Justiça destacou que a atuação da médica foi essencial para a continuidade das atividades ilícitas, permitindo o reinvestimento dos lucros do tráfico e dificultando o confisco de bens obtidos de maneira ilegal, além de promover concorrência desleal e evasão fiscal.

A defesa de Larissa anunciou que pretende recorrer da decisão.

 

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